quarta-feira, 28 de março de 2012

Nas & Damian "Jr. Gong" Marley - Patience




"Some of the smartest dummies
Can’t read the language of Egyptian mummies
Put a flag on a moon
And can’t find food for the starving tummies"

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Efeitos secundários

Durante a IBE deste ano, presenciei directamente, o que eu acho que são os efeitos secundários da globalização do break. Toda a gente já sabe o que o youtube tem feito pelos eventos e por bboys nos últimos anos: promoção e mediatização, que obviamente tem aspectos positivos e negativos.

Durante todo o evento apercebi-me de algo que só ficou 100% claro na altura do ALL battles ALL. O público, que neste caso era composto essencialmente por bboys, reage cada vez menos de tão habituados que estão a ver os moves de cada bboy, seja por terem visto em video ou em directo (também é verdade que as pessoas viajam mais para estarem presentes nos eventos). Este "fenómeno" pode ser visto como algo positivo e também negativo: por um lado pode levar a que o desinteresse e a monotonia se instalem neste tipo de eventos em que o espectáculo é a "atracção" principal, e por outro, pode forçar os bboys a irem cada vez mais longe nas suas capacidades motivados pela sede dos aplausos e gritos que estão a esmorecer. Pode também levar a que se crie um fosso ainda maior entre o lado mainstream e o lado underground, criando assim uma distinção ainda maior entre aqueles que procuram a partilha directa de conhecimentos em eventos mais pequenos e aqueles que preferem a adrenalina de um grande público a vibrar com a execução de moves cada vez mais aparatosos.

Outro dos efeitos foi mais evidente para mim na battle de TopRock. Com concursos específicos para diferentes partes da dança que é o break (toprock, footwork, powermoves) é como se estivessem a ser criadas outras danças. Existem cada vez mais pessoas a fazer "toprock" que nunca na vida fizeram break, nem nunca irão fazer. Desvirtualizam o toprock, deslocam-no do seu meio e usam-no como uma party dance. É óbvio que isto pode ser discutido tendo em conta que o break vem provavelmente das party dances dos anos 70 em que se dançava apenas de pé, mas não estaremos então a falar de duas coisas diferentes: Party dances (composto por várias danças) e toprock? Ou é o toprock uma das party dances? Ou ainda, será que o toprock deve ser maleável consoante a situação passando de funky e "descontraído" durante uma festa para agressivo e cru numa battle?

O terceiro efeito da "globalização" do break está relacionado com o poder da palavra e a sua difusão. Com todos os meios de comunicação e partilha de hoje em dia a palavra de cada um viaja muito mais rapidamente e atinge um maior número de pessoas. Com isto, o impacto da opinião de certas "personalidades" é muito mais forte do que antes, o que leva a que cada vez mais gente siga as teorias e ideais de uma só pessoa levando a que as pessoas se pareçam cada vez mais até na maneira de pensar, o que é mais grave ainda do que ter a mesma maneira de agir, dançar, vestir, etc.

Isto são observações pessoais e como eu disse, tem sempre um lado positivo e um lado negativo...cada um tira as conclusões que achar melhor.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Obstáculos

Há dias em que não apetece ir treinar. Ou porque está a chover, ou porque é muito longe, ou porque se quer ir ao cinema, ou porque vão poucos ou nenhuns bboys ao treino e tens de treinar sozinho, ou porque é preciso apanhar dois autocarros para lá chegar, ou porque estás cansado, ou por um dos muitos motivos possíveis.

Eu sempre disse que a dificuldade em ser bboy é essa e não os treinos em si, porque nos treinos é suposto termos prazer, mas o percurso para chegar ao treino ou outros pequenos obstáculos podem-nos sugar toda a motivação que fomos acumulando durante o dia.

Normalmente não nos apercebemos da sorte que temos em podermos ser diferentes por algumas horas, por podermos criar, representar, moldar o nosso corpo, ultrapassar limites, descobrir possibilidades, partilhar, definir objectivos e ter o prazer de alcança-los, sentir a evolução, surpreender alguém, ser livre ou experimentar mil e uma sensações diferentes dependendo do movimento que estás a praticar.

É porque nos esquecemos disso tudo que às vezes não apetece ir treinar, mas agora que não o posso fazer, por ter partido a mão, sinto ainda mais a insignificância desses pequenos obstáculos comparados aos prazeres que tiro desta dança.





Ser bboy exige tanto do corpo como da mente, e é quando as coisas estão mais difíceis que se separa o trigo do joio, é quando o meu corpo não pode ser o de um bboy, que o meu cérebro treina no seu lugar, é nestas alturas que mais ideias tenho, mais vontade, é agora que preparo o meu regresso, desenho e aponto novos 'moves', que faço um exame de consciência e me faço novas promessas, é agora que me preparo para corrigir os meus defeitos,é agora que me sinto mais nervoso, é agora que luto mais, é também o momento em que me sinto mais isolado, e no entanto o momento em que sei que sou um bboy.

Aproveitem para se empenharem a fundo, não desperdicem oportunidades e nunca se queixem de serem bboys.