segunda-feira, 29 de novembro de 2010




Será um workshop que ajude os bboys a verem o break como o eu o vejo, revelando o meu processo criativo a partir de certos movimentos escolhidos, mas que podem ser aplicados a qualquer estilo.

Eu venho da era dos 90, época em que o break sofreu um boom em termos criativos, dando origem a bboys caracteristicos com assinaturas muito pessoais...o ideal é que estas assinaturas não se afastem do que é o break para que se possa guardar a identidade e o espirito inerente às primeiras gerações de bboys e mesmo assim trazer algo de novo ao dancefloor.

Tenciono partilhar alguns moves básicos e como transforma-los de maneira a torna-los complexos, moves pessoais e moves que aprendi com alguns dos melhores bboys do mundo com quem tive oportunidade de aprender directamente. Métodos de criação, e transformação dos vossos moves de maneira a torna-los únicos....exactamente como uma impressao digital.

O break tem possibilidades infinitas...assim como tenciono que tenha o meu workshop.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

O NORTE de Miguel Esteves Cardoso

"O Norte é mais Português que Portugal. As minhotas são as raparigas mais bonitas do País. O Minho é a nossa província mais estragada e continua a ser a mais bela. As festas da Nossa Senhora da Agonia são as maiores e mais impressionantes ...que já se viram.

Viana do Castelo é uma cidade clara. Não esconde nada. Não há uma Viana secreta. Não há outra Viana do lado de lá. Em Viana do Castelo está tudo à vista. A luz mostra tudo o que há para ver. É uma cidade verde-branca. Verde-rio e verde-mar, mas branca. Em Agosto até o verde mais escuro, que se vê nas árvores antigas do Monte de Santa Luzia, parece tornar-se branco ao olhar. Até o granito das casas.

Mais verdades.
No Norte a comida é melhor.
O vinho é melhor.
O serviço é melhor.
Os preços são mais baixos.
Não é difícil entrar ao calhas numa taberna, comer muito bem e pagar uma ninharia
Estas são as verdades do Norte de Portugal

Mas há uma verdade maior.
É que só o Norte existe. O Sul não existe.
As partes mais bonitas de Portugal, o Alentejo, os Açores, a Madeira, Lisboa, et caetera, existem sozinhas. O Sul é solto. Não se junta.

Não se diz que se é do Sul como se diz que se é do Norte.
No Norte dizem-se e orgulham-se de se dizer nortenhos. Quem é que se identifica como sulista?
No Norte, as pessoas falam mais no Norte do que todos os portugueses juntos falam de Portugal inteiro.
Os nortenhos não falam do Norte como se o Norte fosse um segundo país

Não haja enganos.
Não falam do Norte para separá-lo de Portugal.
Falam do Norte apenas para separá-lo do resto de Portugal.

Para um nortenho, há o Norte e há o Resto. É a soma de um e de outro que constitui Portugal.
Mas o Norte é onde Portugal começa.
Depois do Norte, Portugal limita-se a continuar, a correr por ali abaixo.

Deus nos livre, mas se se perdesse o resto do país e só ficasse o Norte, Portugal continuaria a existir. Como país inteiro. Pátria mesmo, por muito pequenina. No Norte.

Em contrapartida, sem o Norte, Portugal seria uma mera região da Europa.
Mais ou menos peninsular, ou insular.

É esta a verdade.

Lisboa é bonita e estranha mas é apenas uma cidade. O Alentejo é especial mas ibérico, a Madeira é encantadora mas inglesa e os Açores são um caso à parte. Em qualquer caso, os lisboetas não falam nem no Centro nem no Sul - falam em Lisboa. Os alentejanos nem sequer falam do Algarve - falam do Alentejo. As ilhas falam em si mesmas e naquela entidade incompreensível a que chamam, qual hipermercado de mil misturadas, Continente.

No Norte, Portugal tira de si a sua ideia e ganha corpo. Está muito estragado, mas é um estragado português, semi-arrependido, como quem não quer a coisa.

O Norte cheira a dinheiro e a alecrim.

O asseio não é asséptico - cheira a cunhas, a conhecimentos e a arranjinho. Tem esse defeito e essa verdade.

Em contrapartida, a conservação fantástica de (algum) Alentejo é impecável, porque os alentejanos são mais frios e conservadores (menos portugueses) nessas coisas.

O Norte é feminino.

O Minho é uma menina. Tem a doçura agreste, a timidez insolente da mulher portuguesa. Como um brinco doirado que luz numa orelha pequenina, o Norte dá nas vistas sem se dar por isso.

As raparigas do Norte têm belezas perigosas, olhos verdes-impossíveis, daqueles em que os versos, desde o dia em que nascem, se põem a escrever-se sozinhos.
Têm o ar de quem pertence a si própria. Andam de mãos nas ancas. Olham de frente. Pensam em tudo e dizem tudo o que pensam. Confiam, mas não dão confiança. Olho para as raparigas do meu país e acho-as bonitas e honradas, graciosas sem estarem para brincadeiras, bonitas sem serem belas, erguidas pelo nariz, seguras pelo queixo, aprumadas, mas sem vaidade. Acho-as verdadeiras. Acredito nelas. Gosto da vergonha delas, da maneira como coram quando se lhes fala e da maneira como podem puxar de um estalo ou de uma panela, quando se lhes falta ao respeito. Gosto das pequeninas, com o cabelo puxado atrás das orelhas, e das velhas, de carrapito perfeito, que têm os olhos endurecidos de quem passou a vida a cuidar dos outros. Gosto dos brincos, dos sapatos, das saias. Gosto das burguesas, vestidas à maneira, de braço enlaçado nos homens. Fazem-me todas medo, na maneira calada como conduzem as cerimónias e os maridos, mas gosto delas.

São mulheres que possuem; são mulheres que pertencem. As mulheres do Norte deveriam mandar neste país. Têm o ar de que sabem o que estão a fazer. Em Viana, durante as festas, são as senhoras em toda a parte. Numa procissão, numa barraca de feira, numa taberna, são elas que decidem silenciosamente.

Trabalham três vezes mais que os homens e não lhes dão importância especial.

Só descomposturas, e mimos, e carinhos.

O Norte é a nossa verdade.

Ao princípio irritava-me que todos os nortenhos tivessem tanto orgulho no Norte, porque me parecia que o orgulho era aleatório. Gostavam do Norte só porque eram do Norte. Assim também eu. Ansiava por encontrar um nortenho que preferisse Coimbra ou o Algarve, da maneira que eu, lisboeta, prefiro o Norte. Afinal, Portugal é um caso muito sério e compete a cada português escolher, de cabeça fria e coração quente, os seus pedaços e pormenores.
Depois percebi.

Os nortenhos, antes de nascer, já escolheram. Já nascem escolhidos. Não escolhem a terra onde nascem, seja Ponte de Lima ou Amarante, e apesar de as defenderem acerrimamente, põem acima dessas terras a terra maior que é o "O Norte".

Defendem o "Norte" em Portugal como os Portugueses haviam de defender Portugal no mundo. Este sacrifício colectivo, em que cada um adia a sua pertença particular - o nome da sua terrinha - para poder pertencer a uma terra maior, é comovente.

No Porto, dizem que as pessoas de Viana são melhores do que as do Porto. Em Viana, dizem que as festas de Viana não são tão autênticas como as de Ponte de Lima. Em Ponte de Lima dizem que a vila de Amarante ainda é mais bonita.
O Norte não tem nome próprio. Se o tem não o diz. Quem sabe se é mais Minho ou Trás-os- Montes, se é litoral ou interior, português ou galego? Parece vago. Mas não é. Basta olhar para aquelas caras e para aquelas casas, para as árvores, para os muros, ouvir aquelas vozes, sentir aquelas mãos em cima de nós, com a terra a tremer de tanto tambor e o céu em fogo, para adivinhar.

O nome do Norte é Portugal. Portugal, como nome de terra, como nome de nós todos, é um nome do Norte. Não é só o nome do Porto. É a maneira que têm e dizer "Portugal" e "Portugueses". No Norte dizem-no a toda a hora, com a maior das naturalidades. Sem complexos e sem patrioteirismos. Como se fosse só um nome. Como "Norte". Como se fosse assim que chamassem uns pelos outros. Porque é que não é assim que nos chamamos todos?"

Miguel Esteves Cardoso

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Road Trip 2010 parte 2

 Bboy Pablo - Montreaux
 Tessin - fronteira entre a suiça e itália..
 Vista sobre Nice na primeira noite de campismo selvagem no cimo do monte
 Enchemos o depósito da carrinha....e pagamos em moedas..desespero!!
 Mojitos na auto estrada
 Karaté b-kid
 Montpellier
 Sauceless - Barcelona
 Pimp My Ride - edição costa da caparica
 Into the jungle - Tavira
 O enterro do Mogli - Tavira
 Já íamos de saco na alfândega de suiça/itália
Montreaux

domingo, 7 de novembro de 2010

Road Trip 2010

No dia 11 de Julho, numa carrinha de 9 lugares alugada, partimos de Montreaux, Suiça depois de 2 fins de semana de campismo e street shows num dos mais conceituados festivais de música do mundo, o Montreaux Jazz Festival, onde tive a sorte de assistir ao concerto da incrível Erika Badu.

O grupo de "easy riders" era constituido por 1 baterista e 1 guitarrista dos Crescent City Connection, 1 bboy do grupo 2DR, 3 Deep Trip, 1 bboy de Genéve e eu.Partimos em direcção à Cõte d'Azur no sul de França com destino a Barcelona. Na bagagem levamos sacos cama, colchões insufláveis,tendas, uma bateria, uma guitarra e um amplificador, uma sound box e claro um oleado.

As únicas datas e destinos planeados, foram o dia de partida da Suiça e o dia de chegada a Barcelona, com vista a apanhar um avião para Lisboa e no dia seguinte ir em direcção ao algarve.

Fizemos street shows em várias cidades do sul da frança, com muito sol pelo meio, campismo selvagem em praias e lugares incríveis até chegarmos a Castelldefelds, Barcelona , cidade da minha irmã de break bgirl movie1, onde ocupamos um lugar na praia durante 3 dias e 3 noites.

Daí partimos para Lisboa, onde nos fomos encontrar, com a minha namorada e a namorada de um outro membro do grupo e com o meu mano Lil'Hill a cumprir o seu serviço como Fuzileiro em terras do inimigo de qualquer tripeiro que se preze como eu, ou seja, Lisboa. Com ele fomos treinar no espaço cedido pelo bboy Waver, dos 12 Makakos. No dia seguinte partimos para Tavira onde descansamos (ou não) durante 2 semanas, com mais praia, saltos de cascatas, moto4, quantidades absurdas de mojitos, break, house, noites azeiteiras e muitas coisas à mistura.

Deixo-vos com algumas fotos das minhas férias de verão.


Despediada na estação de tavira

Algures no sul de frança

Castelldefels

Superman Pégaso em acção

Montreaux

A nossa casa

Banho depois dos shows no meio de milhares de pessoas prontas para o fogo de artificio em Cannes


Tapete vermelho festival de Cannes


O nosso quarto

Prontos para saltar - Tavira

Tavira


Mogli of the Jungle - BayWatch

continua...